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Volume 1
Número 1

20 de dezembro de 2004
 
 * Edição atual    

          Aproximações e afastamentos entre ciência e mídia

Antonio Luiz Oliveira Heberlê*

          A mídia, não é uma mediadora neutra. Os discursos presentes na mídia, ao refletirem em parte (nem tudo está na mídia) o movimento das idéias, podem permitir que se perceba os sentidos discursivos. Na medida em que operam os discursos e estruturam os seus discursos, os meios passam a compor ou recompor os elementos significativos da cotidianidade, essencialmente discursiva. Constituem-se (os meios), por isso, num bom lugar para compreender a vida cotidiana e temáticas de alta complexidade, como as que envolvem alguns dos principais temas científicos. A passagem da ciência pela mídia, entretanto, ao tempo que mostra muitas aproximações, marcadas pelo interesse público de ambas as atividades. Mostra também vários afastamentos, alguns dos quais destacamos neste texto.

          Existem diversas razões para que se trabalhe com essa noção de desencaixe entre os campos científico e o midiático, ao se observar as lógicas que presidem as suas operações. As temporalidades e contextos que regulam os mundos da produção discursiva no campo da ciência e da mídia tendem a não ser iguais. A ciência trabalha com desenvolvimentos de médio e longo prazo. Projetos de uma década são comuns, dependendo da área do conhecimento. Embora as agências de financiamento façam pressão cada vez mais intensa para que os projetos apresentem resultados mais proximamente, a própria lógica da maturação que regula a observação em áreas como a biologia animal e vegetal, por exemplo, impõe uma temporalidade própria, da natureza.

          Não se pode dizer o mesmo dos procedimentos midiáticos. A instantaneidade, a ousadia de dizer antes, se possível antecipando-se aos fatos, é da lógica deste campo. Ao analisar o impeachment de Fernando Collor, Antonio Fausto Neto (1994) mostra que a mídia já havia decretado o seu afastamento meses antes da votação no Congresso Nacional. Ou seja, a mídia trabalha com um produto de consumo imediato (informação) no jogo concorrencial.

          Outra noção conflituosa entre os interesses da ciência e da mídia se refere à ampla visibilidade do processo da área da comunicação, regulado pelo funcionamento do contexto social capitalista de mercadorias, que valoriza o produto-informação em função da capacidade de apresentar características originais para esta troca.

          Isso contrasta com a ciência, que em sua operação produtiva prescinde de privacidade, sendo esse o valor que garante a originalidade da troca. Portanto, nesse caso é o inverso do valor na mídia. Em setores de tecnologia de ponta, o segredo é elemento do processo industrial. Não pode ocorrer "vazamento" de informação, pois significa perda do elemento básico para a concorrência.

          Mesmo áreas de grande interesse social, como saúde pública (pesquisas sobre AIDS, câncer, vacinas, remédios, engenharia genética, etc) os direitos de propriedade passam a ser essenciais. Tanto que o registro, com a finalidade de domínio de patente e conseqüente exploração econômica através de royalties, é fundamental para as empresas (públicas e privadas) no caminho das inovações.

          Com a rápida evolução das tecnologias e a velocidade de reprodução industrial, registrada especialmente a partir da segunda metade do século XX, a discussão sobre patenteamento das invenções se acirrou. Nos casos que envolvem tecnologia de ponta, ou tecnologias de alto valor agregado (química fina, micro-eletrônica, biotecnologia, por exemplo), a questão é ainda mais presente.

          Para continuar a crescer, o mercado mundial requer mais inovações, o que implica demanda crescente de investimentos para a pesquisa. Por essa razão, conforme já se observou, além do financiamento público, a pesquisa exige o apoio de financiamentos privados. Esses interesses acentuam-se no setor de biotecnologia e da medicina, onde a criação de uma molécula nova, por exemplo, requer, segundo a indústria farmacêutica, cerca de doze anos de atividades de pesquisa e 230 milhões de dólares de investimentos. Tal contexto explica porque a idéia de rentabilidade deixou de ser indiferente à pesquisa e esta se tornou objeto de competição acirrada entre indústrias e países (Scholze, 2002, p.97).

          Assim que, no debate que envolve a nova engenharia de produtos (biotecnologia, nanotecnologia, etc) as referências de perspectiva financeiras passam a ser fundantes, já que são as compensações que estimulam as empresas. O sigilo e a proteção dos direitos de propriedade intelectual, para garantir o retorno do investimento e os lucros derivados das aplicações industriais dos novos produtos e processos, são decisivos. O mesmo se dá quando o investimento é de origem pública, pois há a competição entre países e pressão pela hegemonia por parte do investimento privado em ciência.

          Mas não se pode dizer que é exatamente isso que acompanha os desejos midiáticos. O ideário da mídia é ter um olho eletrônico contínuo a vigiar a realidade social, numa espécie de visão panóptica de Bentham, revisitado por Foucault (2002, p.162-187).

          O panóptico funciona como uma espécie de laboratório de poder. Graças a seus mecanismos de observação, ganha em eficácia e em capacidade de penetração no comportamento dos homens; um aumento de saber vem se implantar em todas as frentes do poder, descobrindo objetos que devem ser conhecidos em todas as superfícies onde se exerça (Foucault 2002, p.169).

          Em megalópolis como São Paulo, helicópteros caça-eventos (especialmente tragédias) rondam a cidade durante o dia e as vezes também à noite afim de oferecer a descrição mais imediata possível. Trata-se ainda do acontecimento bruto, em que não se sabe ainda bem o que aconteceu, mas é um produto de alto valor de consumo, que a TV descobre para entregá-lo, ainda fresco, à população, com a aura da primeiridade peirceana.

          A primeiridade é a mera possibilidade de ser, uma qualidade absoluta, considerada em si mesma, sem relação a nenhuma outra coisa. Charles S. Peirce (1839-1914) mostra que esse sentimento primeiro se trata de mera possibilidade que surge na consciência a respeito de algo, de modo que é a significação do que é tal como é, sem referência a nada.

          As pessoas estão em casa e de repente irrompe na sala a imagem na TV mostrando a cidade captada por um helicóptero (as pessoas sequer fazem essa racionalização, captam apenas aquele instante). Não se sabe o que vai acontecer. Uma grande felicidade ou uma tragédia, um acidente ou uma celebridade em destaque, ou mesmo uma informação banal. Há somente uma tentativa do espectador em ligá-la a algo, mas ainda nada liga a nada. Trata-se da qualidade sonora e visual, sem nenhum conhecimento prévio do receptor que lhe possibilite estabelecer uma razão a respeito. Naquele momento, em que o fato pode ser qualquer coisa, uma vez que sem conexão, há apenas uma possibilidade de virar outra coisa. Os fatos necessitam de experiência, experiência colateral a respeito do que ali pode vir a ser dito, para que surja algum efeito de sentido. Naquele momento o processo de comunicação encontra-se dependente de outros contatos ou experiências para existir a compreensão. Ou seja, a Primeiridade chega como pura qualidade, que ainda não está revestida das noções que envolvem o fato.

           Mesmo num momento maior de consciência, fora da primeiridade, quando o repórter diga:

          - Neste momento sobrevoamos São Paulo e se pode notar uma grande aglomeração que se formou neste bairro na Zona Sul da cidade.

          Ainda assim, sabendo que alguma coisa existe, é o aspecto de não se saber exatamente o quê, a promover uma excitação. Julgamos que é esta excitação emanada pela primeiridade. Muitas vezes o próprio repórter também não sabe, ele simplesmente corre atrás de algo novíssimo, que pode vir a ser algo. Ele também necessita de informação colateral para que faça algum sentido.

          Nessa medida, o primeiro (primeiridade) é presente e imediato, de modo a não ser segundo para uma representação. Ele é fresco e novo, porque se velho, já é segundo em relação ao estado anterior. Ele é iniciante, original, espontâneo e livre, porque senão seria um segundo em relação a uma causa. Ele precede toda a síntese e toda diferenciação; ele não tem nenhuma unidade nem partes. Ele não pode ser articuladamente pensado; afirme-o e ele já perdeu toda a sua inocência característica, porque afirmações sempre implicam a negação de uma outra coisa. Pare para pensar nele e ele já voou (Santaella, 2002, p.46-47).

          Talvez por isso, pelo frescor, pela sensação que encerram ao serem mostradas, a imaturidade das notícias sejam tão atrativas. Logicamente outras são as explicações psicológicas sobre esse desejo das pessoas em ver os acontecimentos o mais próximo possível do local onde acontecem. Importa é que as mídias se especializaram não apenas em mediar, mas imediatizar. Não apenas em traduzir de forma imediata, mas para alcançar o frescor da primeiridade, recorrem às angulações. Isso se pode notar pela capacidade em mostrar eventos como jogos, shows e outras transmissões jornalísticas de diversos pontos, proporcionando ao espectador uma visão tal dos fatos que jamais se teria mesmo estando no próprio ambiente dos acontecimentos. Tudo aqui e agora, muito novo, de tal forma que qualquer coisa pode acontecer, inclusive nada.

          No Rio de Janeiro, a multinacional da informação, CNN, fez um acordo com o Curso de Jornalismo da Universidade Estadual, onde os alunos-câmeras rondam a cidade em busca de "flagrantes" da cidade. As redes de TV dispensam os seus padrões de qualidade técnica da imagem para se render ao factual, captado com marcas de amadorismo por alguém que estava no lugar dos acontecimentos com uma câmera nas mãos. Servem igualmente imagens borradas das câmeras fixas de segurança.

          Assim como os demais campos, dificilmente o campo científico deixaria de refletir ou se embater de alguma forma com as lógicas do mundo-mídia. Portanto, é improvável que o campo científico seja imune às tensões na modernidade, ao cruzar-se com o campo midiático. Genericamente, o campo científico não funciona isoladamente e tampouco constitui um mundo à parte na sociedade.

          Fazer ciência supõe o sujeitamento às suas regras. Foi a prática de pesquisa que mostrou que fazer ciência é algo sistematizado, agregado e essencialmente coletivo, com grande sintonia com o interesse público.

          O interesse público é também um dos pilares da atividade comunicacional. Ainda guardadas as suas peculiaridades, mídia e ciência convivem melhor quando a divulgação das informações originárias da ciência envolve cuidados e critérios próprios da operação espaço-temporal do desenvolvimento científico. Uma informação imprecisa, dados incompletos ou deformados, podem comprometer fortemente o curso da investigação.

          Por isso, na apresentação pública não é raro ver-se o campo científico refém da saga midiática, o que têm levado a situações constrangedoras para institutos científicos e também para a própria mídia. O imediatismo midiático se cruza com a força do crédito atribuído ao discurso científico, enquanto discurso especializado. Ou seja, a mídia recorre ao campo da ciência para instituir ou substanciar valores (como verdade e credibilidade) que lhe são caros, agregando assim capital adicional (na sua apresentação social) para a competitiva economia onde atua.

          Para a ciência o resultado às vezes é complicado, pois para aparecer precisa ser levada ao patamar de espetáculo, pelo viés do inusitado, sendo apresentada com as características naturais de qualquer material noticioso, de forma descontextualizada, rápida, fragmentada. Nesse contexto, o que se evidencia é o que tem apelo midiático, reduzindo-se aos seus mitos e ritos.

          Esse mito aparece sob vários aspectos. Dentre eles destaca-se o de encantamento do mundo, no qual a ciência apresenta todas as soluções buscadas pelo homem, que magicamente (seria o lado glamouroso da ciência). Isso é da natureza do mito: sua função é justamente pretender dar uma solução para uma contradição (Siqueira, 1996, p.109).

          Quando Denise Siqueira analisou a presença da ciência no programa Fantástico da Rede Globo de Televisão, que tem grande parte da sua pauta ancorada nos resultados inusitados das pesquisas, observou alguns aspectos interessantes da cobertura.

           O tom de mistério e medo é largamente utilizado, assim como as matérias que remetem ao místico. Nesses casos, quando a ciência não explica os fenômenos naturais/sobrenaturais, o texto é sensacionalista, às vezes amedrontador. E, por vezes, o discurso do editor – os textos lidos pelos locutores – destoa da reportagem (discurso do repórter), das imagens e dos depoimentos dos especialistas (Siqueira, 1996, p.111).

          Ao tempo que os campos se especializaram, hoje também se relacionam e interdependem, embora esse acoplamento nem sempre satisfaça plenamente os diferentes segmentos. No caso da ciência e da mídia, têm levado a situações constrangedoras para ambos os campos. No início da década de 80, na época a principal revista semanal brasileira, Veja, abriu manchete para a fusão genética entre o tomate e boi. A impulsividade futurista fez com que inadvertidamente a revista entrasse numa brincadeira (falso ensaio) da Revista Nature, comemorativa ao dia dos bobos.

          Ao analisar o famoso caso Schering, que envolveu a adulteração de pílulas anticoncepcionais em seus laboratórios, em dissertação defendida no PPGCC da Unisinos, Rosane Rosa (2000, p.145) mostra que o jornal é um "campo polêmico, onde falas contraditórias se confrontam, acusam-se ou se complementam e que na construção do discurso da atualidade o jornal é o mestre de cerimônia, deixando falar as várias falas, porém controlando e guardando para si uma apreciação específica do caso".

          Talvez se possa agregar que esse "mestre de cerimônias" não é algo que está lá, estático, esperando que passem os discursos. Fosse assim a mídia não sobreviveria. Porque há toda uma operação de apresentação, de performance midiática, característica dessa forma de mediação. Mas ao estabelecer a sua mediação, os veículos reproduzem certos valores, evidenciam outros, estruturam a informação a partir de determinados pressupostos, elegem as vozes e anunciam as falas, no amplo contexto da discursivização (Duarte, 2000). Realizam, portanto, as suas estratégias discursivas, compondo elementos que funcionam como legitimadores da proposta intencionalmente definida para a mensagem ou "versão" dos fatos.

          Ao optar por uma divulgação de cariz cultural, ao privilegiar determinados públicos, ao relatar benefícios de uma descoberta, um divulgador deve ser bem consciente dos valores que está a veicular. A actividade de divulgação não se alimenta apenas de conhecimento científico e de técnicas de comunicação, mas também de indispensáveis perspectivas históricas, sociológicas e culturais (Pereira e outros, 2004, p. 158).

          Esse fator cultural é importante, porque os meios se constituem num lugar privilegiado na cena social para a vulgarização do conhecimento e por extensão para os estudos que buscam a compreensão de temas polêmicos, adversativos, como os que envolvem a ciência. Entretanto é também o lugar onde a ciência tem se defrontado com grandes dificuldades em termos de divulgação dos seus resultados, justamente em função das características do campo midiático.

          Não sendo a ciência algo que se constrói fora do mundo dos mortais, é rica em vida, comunicação, interação, tramas, disputas, conflitos, trincheiras de lutas políticas, ideológicas. Mas isso pouco aparece na mídia. O jornalismo científico praticado hoje no Brasil e no mundo, longe de aproximar os conteúdos científicos do público leigo, colabora para que o gap existente entre um e outro permaneça sem perspectiva de solução. Falta vida, sobra resultado. As características humanas da ciência desaparecem. Em contrapartida exploram-se, com ênfase, os fragmentos que podem produzir sensação, espetáculo, dar idéia de ritual, confirmação de estereótipos (Sousa, 2004, p.27)

          Por outro lado, é muito difícil defender a idéia de uma ciência desinteressada, absolutamente neutra e despretensiosa, como se o pesquisador "ao entrar no laboratório, pudesse se despir da sua condição de sujeito social, dos seus valores, dos seus interesses profissionais, acadêmicos ou financeiros" (Sousa, 2004, p.30). Ou seja, não se pode imaginar que os cientistas estejam desligados e que os métodos que adotam para buscar o conhecimento mais preciso possível a respeito de alguma coisa possa conferir-lhe o dom metafísico de ser o único ser a promover a verdade. Pelo contrário, os cientistas se vêem envoltos em dúvidas, contradições e convivem constante e criticamente com a possibilidade de erro, limite este necessário para o encaminhamento de seus estudos.

          Em parte isso pode igualmente ser dito em relação à prática do jornalismo, já que as noções de neutralidade, objetividade, isenção, passam a ser enquadradas dentro da esfera da deontologia e da ética profissional e não como finalidades em si mesmas. E não se pode esquecer o caráter de mercadoria das notícias. Ou seja, na produção jornalística, escolhas estão sendo feitas em todo momento, segundo critérios mais ou menos adequados aos princípios de quem os faz. Isso porque, fazer notícias envolve também negociações diversas entre os campos que exercem pressão em seu contexto produtivo.

           Estão em jogo interesses diversos (econômicos, políticos, ideológicos, sociais, etc) tanto na esfera da mídia, quanto na esfera da ciência. Uma e outra atividade se distinguem porque utilizam instrumentos diferentes ou "diferentes abordagens e formas diferentes de representação. Não é, portanto, acidental que especialmente entre ciência e mídia haja competição dura e até mesmo conflitos sobre adequação de imagens" (Sousa, 2004, p.19).

           Identificamos, então, alguns fatores que aproximam e outros que afastam mídia e ciência, os quais podem ser comparados segundo as principais variáveis aqui revisitadas:

Variável Mídia Ciência
Interesse social Alto Alto
Interesse econômico Alto Alto
Imediatismo (temporalidade) Alto Baixo
Objetividade Alta Alta
Polêmica Alta Baixa
Precisão Baixa Alta
Sigilo Baixo Alto
Neutralidade Baixa Média
Performance (espetacularização) Alta Baixa
Fragmentação (dos fatos) Alta Baixa
Visibilidade Alta Baixa
Contextualização Baixa Alta
Credibilidade Média Alta
Busca pela verdade Média Alta

          Salientamos que as escalas utilizadas no quadro não constituem valores absolutos e tampouco definitivos. Dada a dificuldade de se constituir valores escalares para fatores relacionados ao comportamento social, tal escala tem apenas função comparativa. Pode-se substituir as avaliações para: maior, menor e intermediária, com resultados satisfatórios. Entretanto, a escala utilizada parece deixar mais claro aquilo que pretendemos mostrar. Em muitos casos, entretanto, pode ocorrer, dependendo do enfoque, aproximação e afastamentos maiores ou menores, como nas questões da credibilidade e da verdade, por exemplo. Por isso, é preciso relacionar detidamente as atividades sempre que o quadro for lido.

          Para finalizar:

          O primeiro e o último item do quadro parecem indicar para o que acontece entre mídia e ciência, seus embates, ditados por algumas contradições de interesses. Ambas têm alto interesse social e por isso prescindem de se apresentar à sociedade. Porém, as operações que as presidem são diferentes. A busca pela verdade na mídia é a verdade aqui e agora, extremamente transitória, viva, loquaz, sendo disso do que se abastece para ter todo o dia o frescor dos fatos a narrar. Enquanto que a busca pela verdade na ciência é uma busca histórica, seqüencial e temporalizada, engendrada pela sistemática, pela verificação e validação dos dados no plano geral da sua atividade.

          O que faz prescindir de um campo permanente de negociação entre ciência e mídia, em busca de entendimento, de tal forma que duas atividades que caminham lado a lado nessa busca pelos fenômenos do mundo possam realizar, pelo interesse social, as suas missões com sucesso. Ou seja, sentar e conversar, ainda são a melhor receita.

          Bibliografia

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PEIRCE. C.S. Semiótica. São Paulo: Editora Perspectiva S.A. tradução de José Teixeira Coelho, do original The Collected Papers de Charles Sanders Peirce.

PEREIRA A. , SERRA, I., PERIÇO, N.M. Valor da ciência na divulgação científica. In: CIDOVAL, M. de S. PERIÇO, N.M. e SILVEIRA, T. S (org). A comunicação pública da ciência. Taubaté-SP: Cabral Editora e Livraria Universitária, 2003.

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SHOLZE, S.H.C. Patentes, Transgênicos e Clonagem: implicações jurídicas e bioéticas. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2002.

SIQUEIRA, D. da C. O. A Ciência na Televisão: Mito, Ritual e Espetáculo. Fotocópia, s/d, 120p

 

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Antonio Luiz Oliveira Heberlê
Pesquisador da Embrapa Clima Temperado,professor da UCPel, doutorando em Comunicação pela Unisinos.

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