Wilson da Costa Buen*
Resumo
A cobertura de saúde na mídia padece de
uma doença difícil de ser tratada: a chamada patologia da fonte, cujos sintomas
são a desqualificação da informação e o domínio dos interesses comerciais. A
cura pressupõe um tratamento longo e doloroso, que inclui uma postura ética
e política frente às pressões das fontes e uma capacitação dos comunicadores
da saúde.
Uma análise, ainda que ligeira, das ações
e estratégias decomunicação focadas na saúde em nosso País evidencia alguns
equívocos e distorçõesque precisam ser imediatamente corrigidos, sob pena de
perpetuarem uma situação quepenaliza, sobretudo, o usuário da informação, seja
ele um leitor apressado de jornais erevistas, um desavisado radiouvinte ou,
mais freqüentemente, um fiel telespectador.
Na verdade, concorrem para definir este
cenário, que prenunciasintomas de uma doença anunciada, além dos fatores intrínsecos
ao processo decomunicação, uma série de interesses e compromissos que se localizam
nas própriasfontes de informação.
Para se chegar, portanto, nesse caso, a
uma terapêutica adequada,capaz de debelar a doença (a ineficácia do processo
de comunicação em saúde), seránecessário um diagnóstico abrangente que contemple
não apenas o paciente (a mídiabrasileira especificamente) mas o contexto em
que ele se insere. Em princípio, essaabordagem não tem nada de inovadora, ainda
que, no campo da saúde, a especializaçãoconduza a atenção para o detalhe em
detrimento do todo. Optamos, nesta análise, porampliar o foco: ainda que não
haja dúvida de que um microorganismo (um vírus ou umabactéria) seja o responsável
direto pela doença, estamos dispostos, também, a buscaras razões pelas quais
este microorganismo encontrou ambiente propício para sua ação,geralmente devastadora.
Estamos convencidos de que, para recuperar
o paciente, precisamos, emprimeiro lugar, tornar o ambiente asséptico, livre
de contaminações, num amplo esaudável processo de prevenção. O vírus da informação
desqualificada ou comprometidase multiplica, com facilidade, quando o meio lhe
é favorável, suplantando o sistema dedefesa que deveria, potencialmente, fazer-lhe
frente. Ato contínuo, provoca taldesorganização no organismo informativo que
a metástase acaba se tornandoirreversível, comprometendo de vez a saúde do paciente
combalido.
Apatologia da fonte
No processo de comunicação em saúde, existe uma premissa básica: oestabelecimento
de um fluxo ágil e permanente de informações qualificadas éfundamental, particularmente
quando a ele se agrega a possibilidade de uma interaçãodemocrática entre emissores
e receptores destas informações.
Estudiosos da comunicação e da saúde têm
comprovado, ao longo dotempo, a importância da educação/comunicação para a saúde
e acumulado argumentosirrefutáveis em favor da implementação de canais que propiciem
aos cidadãosinformações precisas, ética e socialmente responsáveis.
Os exemplos são inúmeros e absolutamente
contundentes. Eles confirmama tese de que o investimento em educação para a
saúde representa um vetor importante naprevenção de doenças e na definição de
políticas públicas que atendam aos segmentosmenos favorecidos da população.
A comunicação em saúde deve ser vista, pelo
menos é a perspectivadeste trabalho, como uma modalidade singular da divulgação
científica, certamente amais importante, se levarmos em conta o espaço e tempo
a ela dedicados pelos meios decomunicação de massa.
Jornais e revistas, sejam eles de grande
ou pequeno porte, em termos detiragem ou penetração; emissoras de rádio e de
televisão, de âmbito nacional,regional ou local; e mesmo canais da televisão
por assinatura, em sua maioriainternacionais, encerram uma cobertura bastante
generosa da área da saúde, certamente emfunção do interesse que ela desperta
na audiência.
Antes de analisarmos propriamente a qualificação
desta cobertura,devemos ter presente, porém, que, em grande medida, ela está
condicionada pelaintenção da fonte. Nesse caso, em princípio, ela é bastante
diversificada, porque podeestar representada por uma grande indústria farmacêutica,
um centro de pesquisa emsaúde, uma universidade, um hospital , um laboratório
de análises clínicas, umaempresa de seguro-saúde e até mesmo um profissional
(um médico, por exemplo), todoseles interessados em divulgar seus conhecimentos,
seus resultados de pesquisa, seusprodutos, suas tecnologias ou a sua excelência
na prestação de serviços.
Assim como na divulgação científica, temos
como matéria-prima, parao processo de comunicação em saúde, dados, informações
e conhecimentos que seconstituem, efetivamente, em uma mercadoria valiosa. Por
este motivo, a fonte em geralnão é isenta e busca empreender um esforço mercadológico
ou pessoal, nem sempre éticoou transparente, para veicular na mídia aquilo que
lhe interessa ou, o que soa maissurpreendente, para impedir que determinadas
informações cheguem à opinião pública,quando elas contrariam os seus interesses.
Temos, em muitos casos, um poderoso lobby
que, não raramente, se vale de procedimentos espúrios para manipular a opinião
pública. Esta ação pode determinar o sigilo e o controle da informação e temos
cada vez mais elementos para concluir que esta pressão não se exerce unicamente
sobre os meios de comunicação de massa, mas se estende às revistas científicas
e ao próprios profissionais de imprensa e de saúde .
A recente eleição americana, que ganhou
repercussão maior do que a usual pelas trapalhadas do seu confuso processo de
apuração, escancarou o relacionamento cada vez mais estreito entre o poder político
e o poder privado. Assim, pudemos tomar conhecimento, por exemplo, de que as
indústrias do Vale do Silício foram assediadas pelos candidatos Al Gore e George
Bush, interessados em associar sua imagem à do progresso tecnológico, e em buscar
recursos para as suas campanhas. Soubemos também que "as principais companhias
farmacêuticas dos Estados Unidos e suas organizações comerciais gastaram não
menos de 46 milhões de dólares em propaganda política e doações para influir
nas eleições", preocupadas pela "possibilidade do governo incluir
um benefício para os medicamentos prescritos no sistema de saúde pública Medicare
e pelas características que terá o programa". Aliás, Jeff Trewhitt, porta-voz
da Pharmaceutical Research & Manufactures of America (PhRMA), maior grupo
comercial do setor, sediado em Washington, fez questão de não dissimular o interesse
pelo resultado do pleito (a demora na proclamação do novo presidente deve tê-lo
deixado à beira de um ataque de nervos): "nos preocupa bastante os controles
sobre preços...e faremos tudo o necessário para que seja ouvida nossa opinião".
(1) No Brasil, trava-se, neste início do novo século, um debate (ou mais propriamente
um embate?) entre Governo e grandes laboratórios, mediado pela mídia, em virtude
do aumento considerado abusivo dos preços dos medicamentos. A disputa, que já
ensejou, inclusive, uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), revela a amplitude
dos interesses em jogo e uma formidável ação comunicacional subjacente. Pelo
menos neste caso, a mídia postou-se ao lado do Governo e dos cidadãos, invocando
argumentos para combater o que considera ser prejudicial à sociedade. O episódio
serviu também para que pudéssemos avaliar as forças que se movem no Congresso,
geralmente conectadas com os interesses de segmentos da sociedade (ruralistas,
representantes do ensino e da medicina privadas, entre outros).
Mas este lobby nem sempre tem sido feito
dentro das regras da transparência democrática, resvalando para um terreno perigoso
que inclui suborno e conspiração.
O lobby da fumaça
A Organização Mundial da Saúde (OMS),
recentemente, divulgourelatório em que denunciava a estratégia da Philip Morris,
uma das maiores empresastabagistas do mundo, para desacreditá-la, já que a OMS
ostensivamente tem estadoempenhada em disseminar informações sobre os malefícios
do fumo para a saúde dapopulação mundial. O plano, segundo a organização, chegava
a incluir a infiltraçãode executivo do ramo de alimentação da Philip Morris
para trabalhar no escritório desegurança alimentar da OMS e a deflagração de
ataques à organização em meios decomunicação de massa. O relatório cita artigos
publicados no The Wall Street Journalcom críticas contra a burocracia
da OMS e suas políticas de alocação de recursos,parte da estratégia para desmoralizar
a instituição, além de transcrevercorrespondência trocada durante alguns anos
entre um cientista italiano e a Philip Morrisem que se discute a sua participação
em estudo sobre pesticidas utilizados nasplantações de tabaco. Mais ainda: o
relatório da OMS refere-se a material da PhilipMorris em que um ex-diretor da
instituição é identificado como fornecedor de documentosda OMS para a empresa
e como receptor de discursos preparados por executivos da indústriapara ele
se pronunciar. (2)
A Philip Morris, na verdade, se considerarmos
as repetidas denúnciasda mídia, tem um passivo importante no que diz respeito
às investidas contra a liberdadede expressão. Há anos, a empresa vem sendo acusada
de subvencionar cientistas com oobjetivo de dissimular a ação maléfica do cigarro,
pela publicação de "estudos epesquisas" comprometidos com os interesses
da indústria do tabaco. Em 1.998, umjornal norte-americano , o Saint Paul
Pionneer Press, revelava que algunscientistas havia sido financiados pela
empresa para ""escrever cartas aimportantes publicações científicas
e a um jornal, desacreditando um relatório dogoverno americano sobre o fumo
passivo...Ao todo, 13 cientistas teriam recebido US$156 milpor cartas e artigos
que questionavam o relatório da Enviromental Protection Agency (EPA)de 1.993.
Os registros de pagamento de cientistas estavam entre as milhares de páginas
doprocesso em que o Estado tentou reaver dinheiro gasto no tratamento de doençasrelacionadas
ao cigarro." (3). O jornal O Estado de S. Paulo, também em1.998,
em matéria traduzida do The Guardian Post, mostrava que estava sendoinstaurado
um processo contra a Philip Morris, no Estado de Minnesota, porque a empresahavia
aconselhado sigilo para descobertas sobre os prejuízos causados pela nicotina.
(4)Em 2.000, o jornal brasileiro Valor Econômico exibia documentos da
Philip Morris,comprovando que cientistas de algumas das nossas mais importantes
universidades tinhamcolaborado com a indústria tabagista na década de 90. Como
relatávamos em comunicaçãoapresentada ao VII Congresso Iberoamericano de Jornalismo
Científico, realizado emnovembro de 2.000, em Buenos Aires, este apoio se deu
através de pesquisas, financiadaspela indústria, que tinham como objetivo "colocar
em dúvida os estudos sobre fumopassivo, alimentar a controvérsia no mundo científico
e deter as leisantitabagistas". O Valor Econômico, na mesma série
de reportagens,esclarecia que os dirigentes da Philip Morris estavam preocupados,
inclusive, com aascensão da esquerda no Brasil, temendo um "ataque unificado
ao fumo motivado porquestões de saúde pública". (5) O mesmo jornal informava,
ainda, que a Abifumo(Associação Brasileira da Indústria do Fumo) havia elaborado
um plano, já na décadade 80, mais exatamente em 1.982, para financiar cientistas.
(6) O jornalista RicardoBalthazar, em matéria publicada também no Valor Econômico,
com o sugestivotítulo "Crime justificado no império do chantilly",
cita uma organizaçãoconhecida como Arise, que reúne 50 cientistas, em sua maioria
europeus, cuja missão éproduzir resultados de pesquisas para reforçar os interesses
de grandes gruposempresariais, seus patrocinadores. Segundo o jornalista, "estudos
patrocinados pelaorganização salientam os efeitos calmantes do fumo. Sustentam
que uma barra de chocolatepor dia pode aumentar em até 52% o nível de tranquilidade
de um indivíduo. Afirmam queo café ajuda a enxergar melhor. E garantem que dietas
saudáveis recomendadas pormédicos e autoridades se apóiam em pesquisas de caráter
no mínimo duvidoso". (7)
A ação de patrocinadores de projetos científicos
na área de saúdetem, cada vez com maior frequência, imposto o sigilo e o controle
da informação,penalizando os profissionais da imprensa e também a própria comunidade
científica. Comoalertávamos no trabalho apresentado ao Congresso Iberoamericano
de JornalismoCientífico, no final de 2.000, "a parceria entre produtores
e patrocinadores deciência e tecnologia traz, em contrapartida, uma restrição
ao trabalho da imprensa,submetida às normas de sigilo e controle que, na verdade,
se estendem também àcomunidade científica e empresarial". (8). Na oportunidade,
invocávamos otestemunho de Dorothy Nelkin, socióloga da Universidade de Cornwell:
"o sigilo violaa natureza social da ciência, a idéia de que a ciência é
compartilhada, que é umaatividade cumulativa". (9) Citávamos também os
resultados de uma pesquisa feitaentre 1.200 acadêmicos de 40 universidades e
que evidenciava as dificuldades encontradaspor aqueles que eram patrocinadas
por empresas privadas para divulgar os resultados de seutrabalho. ¼ deles, por
exemplo, chegou a afirmar que "os resultados de suaspesquisas são propriedade
do patrocinador e não podem ser divulgados sem suaautorização". (10)
O jornalista William J. Broad, em matéria
publicada pelo New YorkTimes e reproduzida no Brasil pelo Jornal da
Tarde faz a pergunta básica etambém encaminha a resposta: " O que as
indústrias ganham nestas (referia-se ainvestimentos de milhões de dólares realizadas
por grandes empresas multinacionais Du Pont, Monsanto e Hoechst em universidades
norte-americanas) e em centenas deoutras joint-ventures? Ganham a exclusividade
de informação científica que pode seraplicada ou patenteada. Dependendo do tipo
de acordo, a informação científica não édada à publicação durante um certo período,
para que o parceiro industrial dospesquisadores possa conseguir uma patente;
e, em casos raros, a descoberta nunca épublicada, situação em que o parceiro
comercial passa a ser detentor do que se chamasegredo comercial". (11)
Muitas vezes, a atuação das empresas passa
dos limites, como ocorreucom a Immune Response Corporation, uma empresa da Califórnia,
que tentou impedir apublicação de um trabalho científico que comprovava a ineficácia
da vacina Remune porela produzida contra o vírus da Aids. Segundo reportagem
publicada no The NewYork Times, "pacientes que tomaram a
vacina morreram ou desenvolveram infecçõesrelacionadas à Aids na mesma proporção
dos que tomaram um placebo." A empresatentou, por todas as formas, impedir
que os líderes do estudo divulgassem os resultadosda pesquisa, retendo dados,
mas, como não obteve sucesso ( ele foi publicado pelo Journalof American
Medical Association Jama), entrou com pedido de indenização demais
7 milhões de dólares. Philip J. Hilts, do The New York Times, que publicoumatéria
sobre este caso, reproduzido na Folha de S. Paulo, lembra que"disputas
como essa , entre interesses comerciais e científicos, se tornaram maiscomuns
nos últimos anos, conforme as companhias farmacêuticas começaram a contratarpesquisadores
independentes para testar novas drogas. Não se trata da primeira confusãoda
Immune Response com dados. Em 1.995, a FDA (agência que regula a liberação demedicamentos
nos EUA) alertou a empresa para que corrigisse dados questionáveis, quemostravam
resultados positivos da pesquisa." (12)
Recentemente, a imprensa americana chamou
a atenção para um acordofirmado entre a revista Science e a empresa Celera,
que tinha como objetivorestringir o acesso de determinados setores ou pessoas
às informações de um importanteestudo a ser publicado pelo periódico científico.
Peter G. Gosselin, do Los AngelesTimes, explica o fato: "A mundialmente
respeitada revista Science está nocentro de uma polêmica: em troca dos
direitos de publicação de um estudorevolucionário sobre o código genético humano,
a revista teria aceitado exigências daempresa autora da pesquisa, a Celera,
que só quer dar acesso a informações cruciais dotrabalho a quem se comprometer
a não usar os dados com propósitos comerciais. Oscríticos do acordo dizem que
ele viola um dos princípios mais sagrados da ciência, alivre troca de idéias,
que possibilita descobertas e o avanço do conhecimento. Muitoscientistas também
acreditam que o acordo coloca o avanço da ciência perigosamentevinculado a imposições
comerciais. " (13)
Como se pode perceber, os comunicadores
da saúde deverão enfrentar,gradativamente, resistências para obter acesso às
informações, agora já negadasinclusive para a comunidade científica que, em
tempos não muito distantes, gabava-se daeficácia dos chamados colégios invisíveis,
rede de comunicação entre especialistasque permitia e incentivava a livre circulação
das informações em ciência etecnologia. Como veremos, mais adiante, os grandes
interesses, ao mesmo tempo em querestringem o acesso ao conhecimento (que está
sendo objeto inclusive de patenteamento!),promovem a veiculação ampla e generosa
das informações que lhes favorecem, seduzindo amídia com o anúncio de "novas
e revolucionárias" descobertas.
Cobaias do progresso
A cumplicidade entre cientistas e interesses
espúrios na área dasaúde não se limita, porém, a empresas privadas. Em nome
da política e mesmo doprogresso científico, grupos de pessoas, muitas vezes
crianças pobres e reféns deditadores, têm sido submetidos a toda sorte de descalabros
em todo o mundo.
Este foi o caso das Forças Armadas americanas
que, durante a décadade 40, patrocinou pesquisa, em que se utilizou crianças
deficientes mentais, do interiordo Estado de Masssachusets, para avaliar as
consequências da radiação no organismo,oferecendo-lhes, na merenda escolar,
mingau de aveia contaminada por isótoposradioativos. (14) Também foi o caso
da pesquisa que submeteu bebês de orfanatos ealbergues australianos, da cidade
de Melbourne, a testes com vacinas experimentais contraa herpes, para avaliar
possíveis reações tóxicas, conforme denúncia do jornalaustraliano The Age.
(15). Ou do experimento do Instituto Nacional de Saúde e oCentro de Prevenção
e Controle de Doenças dos EUA, realizado na República Dominicana,Tailândia e
4 países africanos, junto a mais de 12 mil mulheres grávidas, paradescobrir
um método mais econômico de evitar que a mãe transmitisse o vírus do HIV aofeto
e no qual se ministrou a cerca de 30% delas placebo ao invés de medicamento,
numcrime inominável em nome da ciência. (16)
Não menos condenável foi o projeto de pesquisa
coordenado por umgrupo de cientistas da África do Sul, durante o regime do apartheid,
com o objetivo dedesenvolver uma bactéria capaz de matar ou pelo menos causar
infertilidade a pessoas daraça negra, segundo denúncia do cientista Daan Goose,
que participou do projeto e querecentemente justificou sua adesão em virtude
da "histeria do momento". (17)
Não podemos nos esquecer também da relevação
surpreendente,ocorrida na segunda metade da década de 90, sobre a esterilização
em massa, empreendidamesmo após a Segunda Guerra Mundial, em determinados países
europeus (Suécia,Dinamarca, Finlândia etc) com o objetivo de purificar a raça,
o que evidencia que algunsdos demoníacos ideais de Hitler tiveram também seus
seguidores entre países até entãoconsiderados acima de qualquer suspeita.
No momento, assistimos, estupefatos, a um
novo tipo de discriminação,a genética, inclusive sob a tutela de governos do
chamado Primeiro Mundo. A revista IstoÉ, de 18 de outubro de 2.000, relata
a história de Terri Scargent e de umaassistente social, nos Estados Unidos,
que teriam perdido seus empregos em virtude de seushistóricos médicos e de seus
genes potencialmente perigosos. "De acordo com ocentro americano de saúde
pública Shriver, em Massachusetts, há registros de pelo menos582 casos de pessoas
rejeitadas para oportunidades profissionais ou pelo plano de saúdepor conta
de suas falhas genéticas. " (18). As queixas relativas à discriminaçãogenética
estão se multiplicando pelo menos nos EUA, o que revela como a apropriação daciência
pode traduzir-se em prejuízos para os cidadãos. Da mesma forma, indica que nemsempre
os interesses da população são, em determinados momentos, o critério maisimportante
a nortear as empresas e os governos, com a cumplicidade de representantes daciência.
Devemos atentar, portanto, para o fato de que estas são exatamente as fontesbásicas
da comunicação para a saúde e que é imperioso descobrir as suas intenções eos
seus compromissos. Vale a pena repetir sempre o lema fundamental da divulgaçãocientífica
e que traduz perfeitamente o estado de alerta que deve caracterizar também ocomunicador
da saúde (o jornalista, por exemplo, responsável pela sua cobertura namídia)
diante das suas fontes de informação: "não existe almoço grátis".Logo,
é preciso investigar sempre quem paga a conta e, sobretudo, o que se serve à
mesa.
Orelease como notícia
A interferência do capital no processo de produção da ciência e datecnologia
tem tornado cada vez mais tênues os limites entre marketing e ciência, de talsorte
que a divulgação científica resvala, obrigatoriamente, para o planomercadológico,
comprometendo a qualidade das informações. Na área da saúde, estaaproximação
chega a ser ostensiva, seja pelo assédio das fontes (empresas,universidades,
governos, profissionais), seja pela adesão, muitas vezes ingênua, dosveículos
e jornalistas.
Por este motivo, não é incomum que a cobertura
de saúde estejapovoada de releases emitidos por estas fontes, disfarçados como
matérias isentas,legitimadas pela incidência de conceitos e resultados de pesquisas,
oriundos de empresastidas como líderes e de universidades e centros de pesquisa
considerados comoreferência.
Pode-se julgar que ao comunicador da saúde
( ao jornalista, emparticular) fica difícil exercer seu espírito crítico, notadamente
quando não é estaa sua formação básica, mas é preciso, antes de isentá-lo de
culpa, rever todo oprocesso de circulação de informações.
Os veículos, a menos que comunguem com esta
divulgação, orientadaprioritariamente por interesses comerciais, devem buscar
o apoio de consultores antes deabrirem manchetes sobre temas da área, sob o
risco de favorecerem empresas e grupos,muitas vezes em detrimento da sua audiência,
estimulada a comportamentos inadequados ouprejudiciais (auto-medicação, por
exemplo).
Ao que se saiba, os veículos não dispõem
desta equipe de consultorese, movidos quase sempre pela ânsia de alardear novas
descobertas, têm se prestado a umadivulgação no mínimo irresponsável, induzindo
de forma sensacionalista leitores,radiouvintes e telespectadores a buscar apoio
para os males que afligem seu corpo eespírito nos medicamentos milagrosos lançados
pelos grandes laboratórios. Eles cometemo mesmo equívoco, quando enveredam pela
trilha das chamadas terapias alternativas,propagando o charlatanismo e a pseudociência.
As fontes, sobretudo as empresas privadas
e grupos de pesquisainternacionais, conseguem, "plantar" pautas ou
mesmo ver reproduzidos os seusreleases, proclamando resultados e produtos, sem
qualquer contestação. Na maioria doscasos, a nota ou matéria jornalística assume
um tom publicitário tão explícito quechega a incomodar os que as lêem e a indignar
aqueles que postulam uma vigilânciainformativa e uma postura crítica dos meios
de comunicação.
Vejamos, por exemplo, a seguinte notícia
publicada pelo Jornal doBrasil e que, aparentemente, destina-se a dar
informações sobre a mortalidadeassociada à diarréia.
Diarréia mata 2 milhões porano
Quem nunca sentiu uma forte dor de barriga que exigeuma corrida rápida ao banheiro? Casos de diarréia aguda são muito comuns e provocamdesconforto constante, se não forem logo combatidos. Segundo dados da OrganizaçãoMundial de Saúde (OMS), a diarréia é a doença de maior incidência no mundo, a quemata mais de 2 milhões de pessoas por ano ou um indivíduo a cada 10 segundos.
Para controlar a diarréia aguda de uma forma rápida foi lançadorecentemente
no mercado o remédio Tiorfan (quimicamente chamado de Racecadotril), dolaboratório
SmithKline Beechan. É um antidiarréico fisiológico que normaliza ofuncionamento
intestinal sem causar prisão de ventre.
A principal característica do medicamento
é que promove areabsorção de água e sais perdidos com a diarréia e interrompe
seu ciclo, sem alterara flora intestinal. Embora a doença seja muito comum em
crianças, o remédio écontra-indicado para os baixinhos. Uma versão infantil
é vendida apenas na Europa.
A diarréia é caracterizada por uma disfunção na absorção de águae sais minerais
pelo intestino e deve ser tratada logo no primeiro sintoma."Normalmente
há o risco de desidratação e desnutrição. Mas, além disso, provocaevacuação
constante e incontrolável, cólicas, inchaço, náuseas, cansaço edesconforto físico",
diz o gastroenterologista e professor da UFRJ, Marcus TúlioHaddad.
Segundo o médico, a diarréia aguda pode
ser causada por infecçãobacteriana, que nos adultos são os principais agentes
etiológicos, já que desenvolvemimunidade a vários tipos de vírus e, infecção
viral, mais comum em crianças."Nos dois casos, os sintomas são os mesmos,
acrescenta".
Para evitar a doença que ataca, principalmente,
crianças e idosos, épreciso adotar cuidados básicos, como evitar alimentos impróprios
para o consumo ou malarmazenados, beber água de procedência conhecida, usar
somente banheiros higienizados elavar as mãos antes de manusear alimentos".
(19)
Fica evidente, mesmo numa leitura rápida,
que a inspiração danotícia, embora estivesse dissimulada por não estar incluída
no lead, era o lançamentodo medicamento (grifado propositalmente por nós em
negrito) e que as outras informaçõesestavam presentes apenas para compor a matéria,
inclusive servindo para amedrontar oleitor, particularmente aqueles que têm
crianças ou idosos em casa. Tratava-se, pois, deum release oficial do laboratório
ou, o que talvez seja pior, uma reelaboração dojornalista/redator que o escreveu,
com o objetivo de divulgar o medicamento, sem cotejarsua eficácia com outros
medicamentos, certamente existentes, e produzidos porlaboratórios concorrentes.
O fato incomoda mais porque a matéria foi
publicada na página deciência do jornal carioca, o que lhe emprestava legitimidade.
Mais ainda: deixava para oparágrafo final o que talvez fosse a chamada mais
pertinente, ou seja a necessidade deprevenção, privilegiando, ao invés disso,
a medicalização. o que favorecia olaboratório citado.
O exemplo do Jornal do Brasil não
é único; pelo contrário,um rápido passar de olhos nas matérias sobre saúde dos
principais jornais brasileiros,das nossas revistas de informação geral e mesmo
nas chamadas respectivas nas emissorasde televisão do País revela que o fato
é comum e que a prática, estimulada pelosinteresses comerciais, é adotada, sem
qualquer espírito crítico ou perspectiva ética,pela mídia.
Alguns títulos, subtítulos e leads de matérias
publicadas pelosperiódicos brasileiros servem para ilustrar a nossa afirmação:
Nova dose de prazer
Droga de ação mais rápida que o Viagra é
a terceira geração de remédios para impotência
O Viagra foi apenas o começo. Lançado em
1.998, o remédio queexorcizou o fantasma da impotência da vida da maioria dos
homens e hoje é consumido aovertiginoso ritmo de quatro comprimidos por segundo
serviu de estopim para uma frenéticacorrida que não cessa de dar bons prêmios.
Com uma dúzia de grandes laboratóriosfarmacêuticos empenhados nas pesquisas,
os avanços foram tão rápidos que, em doisanos, já se chegou a três classes de
drogras contra a disfunção erétil. Na semanapassada, um novo comprimido
o Uprima recebeu o o.k. da comissão decientistas encarregada de sua análise
nos Estados Unidos... Fabricada pela TAPPharmeceuticals, uma joint-venture entre
o laboratório americano Abbot e o japonêsTakeda, a droga deve ser lançada em
julho nos Estados Unidos. Estará no Brasil emoutubro... O Uprima é o primeiro
remédio a atuar diretamente no sistema nervoso central.Colocado sob a língua,
o comprimidinho se dissolve, rapidamente cai na correntesanguínea e começa a
agir em cerca de vinte minutos, ou até menos, em certoscasos..." (20)
As pílulas da estação
Q10, Pycnogenol, NADH, n-acetilcisteína
ou SAMe os brasileirosdevem se acostumar com esses nomes estranhos, alguns
quase impronunciáveis. Depois dasvitaminas e dos minerais, são essas as pílulas
da vez. A levar em conta o furor que vêmcausando nos Estados Unidos, em breve
deverão provocar o mesmo alvoroço por aqui.Trata-se das novas substâncias da
categoria dos antioxidantes, aqueles compostos capazesde inibir a ação dos radicais
livres, as moléculas tóxicas que vagam pela correntesanguínea, corroem as células,
degeneram os tecidos e comprometem o bom funcionamento doorganismo. (21)
Energia em cápsulas
Suplemento feito apartir de cascas de
pinheiro reduz cansaço e melhora desempenho físico.
Na luta por uma pele de aparência mais jovem, um dos aliados maisrecentes no Brasil é uma substância que atende pelo curioso nome de pycnogenol.Extraída a partir da casca de pinheiros conhecidos por Pynus pinaster (originários dosudoeste da França e comuns em regiões litorâneas), ela tem forte propriedadeantioxidante, combatendo a ação dos radicais livres. O mais interessante da novidade,entretanto, é que o produto lançado aqui pelo laboratório Ionquímica no iníciodeste ano como suplemento nutricional em forma de cápsulas agradou não somenteaos que sonham como uma epiderme lisa. Também caiu nas graças de quem pratica esportes equer diminuir a fadiga física."(22)
Nos três casos citados, extraídos de um conjunto enorme deexemplos por nós coletados ao longo de anos de pesquisa, não resta dúvida de que osveículos optaram por um discurso mais propriamente publicitário que informativo,consciente ou inconscientemente demonstrando a intenção de antes "vender" omedicamento que informar o leitor. Os adjetivos são frequentes e o tom ufanista evidenciaa adesão dos repórteres, ainda mais quando se percebe que as matérias não incorporaminformações ou avaliações de especialistas com o objetivo de estabelecer limites oualertar para possíveis restrições, na verdade comuns mesmo nas bulas dos remédios.São, em resumo, mensagens publicitárias, travestidas de matérias jornalísticas, aindaque não se possa levantar suspeita sobre a honestidade dos jornalistas que as redigiram,talvez envolvidos pelo teor do material com que tomaram contato ao produzirem asreportagens. O que é certo é que tentam seduzir o leitor, num esforço que tem mais depropagandístico do que informativo.
A ombudsman da Folha de S. Paulo, Renata Lo Prete, em pelo menosduas oportunidades na sua coluna dominical, chamou a atenção, respectivamente, em 1.999e em 2.000, para os riscos a que estão submetidos os jornalistas, convidados porlaboratórios, para a cobertura de eventos científicos por eles patrocinados.
Na coluna de 1.999 totalmente dedicada a este assunto, intitulada Aconvite de, a jornalista comentava que, ainda que o Manual de Redação do jornal obrigaque se discrimine no pé da matéria, produzida a partir de convites de empresas, quemefetivamente pagou as despesas da viagem, isso não é suficiente para isentar o jornal eo jornalista do que poderá advir como resultado da cobertura. Renata Lo Prete se referiaa uma matéria resultante da cobertura de um conferência internacional sobre Aids,realizada em Lisboa, Portugal, que, segundo ela, em "essência... se dedicava adescrever as expectativas em torno de um novo medicamento, o ABT-378", produzido pelolaboratório que pagou as despesas da viagem. Na mesma coluna, a ombudsman da Folha de S.Paulo citava a acusação recente feita pelo Los Angeles Times ao New EnglandJournal of Medicine que publicara avaliações de medicamentos feitas porpesquisadores financiados pelos próprios fabricantes desses produtos (o problema ocorreuem 8 de 36 artigos analisados pelo Los Angeles Times). (23 )
Na coluna publicada em 2.000, dividida em dois assuntos, um deles,trabalhado sob o título Remédio contra superinteresses, novamente a ombudsman da Folhade S. Paulo retoma o tema, comentando matéria publicada pelo seu jornal e que mereceurestrição de uma leitora mais atenta, no caso uma médica. Tratava-se de uma reportagemtambém feita no exterior, mais precisamente no México, resultado da cobertura de umevento internacional, e que tinha como título Infecção hospitalar mata 300 mil por ano.Acompanhada do texto principal, aparecia uma coluna, que funcionou como um box (textocomplementar no jargão jornalístico), que exaltava um novo medicamento. A viagem dajornalista, responsável pela matéria, tinha sido custeada pelo laboratório, cujomedicamento era exatamente o focalizado no box. Renata Lo Prete advertia para o fato deque " Infecção hospitalar é tema importante, sem dúvida, mas as informaçõesoferecidas foram poucas e ficaram soltas no espaço... Para recolher os númerosfornecidos pelas duas outras fontes que alimentam a reportagem (...) não era preciso irao balneário mexicano. Embora tenha sido apresentado como atração principal, o textoparece "escada" para chegar ao verdadeiro assunto, que está ao lado: a novadroga e suas anunciadas qualidades." E concluía, competentemente: "A Folha fazmais do que outros veículos ao exigir que o leitor tome conhecimento das condições emque foi realizada a pauta, mas isso não basta. Para superar o conflito de interesses enão apenas explicitá-lo, o jornal tem de caminhar para assumir total responsabilidadepelas viagens necessárias à produção de seu noticiário. Supostas cortesias podem edevem ser dispensadas." (24)
Num certo sentido, é preciso ter em mente que, com a cumplicidade damídia e, por extensão dos jornalistas, os laboratórios têm conseguido propagar pelosmeios de comunicação de massa medicamentos de uso controlado, cuja propaganda éproibida, o que se configura numa burla à legislação. Dado o caráter publicitáriodestas mensagens, pode-se chegar à conclusão de que substituem com vantagem a propagandaconvencional, visto que vem avalizada por veículos de prestígio e dissimuladas comoinformação científica.
A cura épossível?
Tendo em vista a gravidade da doença, é razoável imaginar que a curaé possível? A resposta pode ser, em tese, afirmativa, embora se deva admitir que otratamento será, ao mesmo tempo, prolongado e doloroso.
A superação dos obstáculos enfrentados pela cobertura de saúde namídia implica antes de tudo em uma nova postura ética e política. Como pretendemosdemonstrar ao longo deste artigo, a pressão das fontes, estimulada por interessescomerciais, que já é grande, tenderá a aumentar com o tempo, à medida em que aciência e a tecnologia passem a requerer, cada vez mais, recursos de monta , atraindo aparceria de grupos poderosos.
Somente a conscientização da comunidade científica, a partir de suassociedades e associações, a interferência do Estado regulando contratos entre empresase universidades e, sobretudo, a atuação mais alerta dos comunicadores da saúde (emparticular, os jornalistas) poderá contribuir para que a informação qualificadaprevaleça sobre o discurso eminentemente publicitário, comprometido com a venda deprodutos e serviços, muitas vezes de excelência discutível.
Não se pode impedir que as empresas e entidades que atuam na área dasaúde empreendam esforços de comunicação com o objetivo de defender os seusinteresses, já que esta é, em essência, a essência do capitalismo, regime em que nosinserimos, mas deve ser repudiada qualquer intenção de obstruir a circulação deinformações e, o que é ainda mais grave, a adoção de mecanismos ilegítimos (suborno,manipulação etc) para que esses interesses prevaleçam sobre os da sociedade. Emboranão se possa criticar as fontes pela emissão de releases, já que eles são instrumentosválidos da comunicação empresarial moderna, é preciso chamar a atenção da mídia edos jornalistas para a importância de um trabalho crítico, comprometido com a saúde dapopulação.
As informações que circulam nessa área não são isentas e estãoatreladas a compromissos que precisam ser desvendados para que os comunicadores da saúdee a mídia em particular não funcionem, ingenuamente, como meros porta-vozes. Urge buscara opinião dos especialistas, talvez constituindo equipes de consultores ou buscandoparceria com as entidades da área, que podem ajudar na avaliação das informações, oque, afinal de contas, para eles, significa exercer plenamente a cidadania.
Ao mesmo tempo, é importante capacitar os comunicadores da saúde, apartir de cursos de extensão e aperfeiçoamento, seguindo o exemplo da Unifesp que tempromovido espaços de debate e divulgação para os jornalistas. Deve-se ainda incluirnesse esforço as escolas de comunicação e as faculdades de medicina, enfermagem,nutrição etc, para que profissionais de saúde e de comunicação possam, juntos, criaruma cultura voltada para a promoção da saúde.
Temos a convicção de que deverá ser feito um esforço enorme paraque a doença seja contida, mas resta-nos a esperança de que a cura existe. A vontadepolítica e a conscientização dos profissionais da saúde e da comunicação certamentefarão com que ela seja alcançada.
Referênciasbibliográficas
1) Laboratórios investem forte nas eleições
americanas. In: Jornaldo Commercio, Rio de Janeiro, 01/10/2.000, p. A-11.
2) Lins da Silva, Carlos Eduardo. OMS acusa
Philip Morris deespionagem. In: Folha de S. Paulo, 05/12/1.999, p. 3-4.
3) Cientistas teriam sido comprados. In:
Jornal do Brasil, Riode Janeiro, 05/08/1.998, p. 16. Pode-se consultar
também a respeito artigo de Schwartz,John, publicado no The Washington Post
e reproduzido no Jornal do Brasil,sob o título Philip Morris financiava
cientistas, de 12/05/1.997, p. 7.
4) Torry, Saundra. Philip Morris é processada
por ocultar pesquisa.In: O Estado de S. Paulo, 17/04/1.998, p. A12.
5) Balthazar, Ricardo. Cigarro financiou
cientistas no Brasil. In: ValorEconômico, São Paulo, 08/08/2.000, p.
A12.
6) Balthazar, Ricardo. Abifumo discutiu
planol para financiarcientistas. In: Valor Econômico, São Paulo, 09/09/2.000,
p. A-4. Ver tambémmatéria assinada por Paraguassu, Lisandra. Philip Morris faz
projeto desobrevivência na AL. In: Folha de S. Paulo, 03/07/2.000,
p. C-3.
7) Balthazar, Ricardo. Crime justificado
no império do chantilly. In: ValorEconômico, São Paulo, 03/10/2.000,
p. D8.
8) Bueno, Wilson da Costa. Os novos desafios
do Jornalismo Científico.Trabalho apresentado ao VII Congreso Iberoamericano
de Periodismo Cientifico, realizado emBuenos Aires, de 16 a 19 de novembro de
2.000, p.8.
9) ) Broad, William J.. Conquistas da ciência
cada vez mais secretas.Isso é bom ou ruim para a pesquisa. Jornal da Tarde,
25/06/1.988, Caderno deSábado, p.2
10) Broad, William J.. Conquistas da ciência
cada vez mais secretas.Isso é bom ou ruim para a pesquisa. Jornal da Tarde,
25/06/1.988, Caderno deSábado, p.2
11) Broad, William J.. Conquistas da ciência
cada vez mais secretas.Isso é bom ou ruim para a pesquisa. Jornal da Tarde,
25/06/1.988, Caderno deSábado, p.2
12) Hilts, Philip J. Empresa tenta esconder
estudo contrário a umavacina anti-Aids. Folha de S. Paulo, 07/11/2.000,
p. A-14.
13) Peter G. Gosselin. "Science faz
acordo com Celera e ébombardeada com críticas. In: O Estado de S. Paulo,
08/12/2.000, p. A15. A mesmamatéria, assinada pelo jornalista do Los Angeles
Times foi publicada no Jornal doBrasil: Acordo entre "Science"e
Celera sob suspeita, 09/12/2.000, p.47.
14) Seligman, Airton. Cobaias humanas. In:
Veja, São Paulo,28/07/1.999.
15) Denunciado uso de bebês como cobaias
na Austrália. In: OEstado de S. Paulo, 11/06/97, p. A-13.
16) Seligman, Airton. Cobaias humanas. In:
Veja, São Paulo,28/07/1.999.
17) Apartheid pesquisou bactéria para matar
negros. In: O Estado deS. Paulo, 12/06/1.998, p. A-15.
18) Menconi, Darlene. Apartheid biológico.
In: Isto É, SãoPaulo, 18/10/2.000, p. 92-93.
19) Diarréia mata 2 milhões por ano. In:
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20) Pastore, Karina. Nova dose de prazer.
In: Veja, São Paulo,19/04/2.000, p.84-85.
21) Poles, Cristina e Boccia, Sandra. As
pílulas da estação. In: Veja,29/03/2.000, p.84-85.
22) Helena, Leticia. Energia em cápsulas.
In: Isto É. SãoPaulo, 17/05/2.000, p.98.
23) Lo Prete, Renata. A convite de. In:
Folha de S. Paulo,31/10/1.999, p.1-6.
24) Lo Prete, Renata. Remédio contra superinteresses.
In: Folha deS. Paulo, 26/03/2.000, p.1-6.
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*Wilson da Costa Bueno é jornalista, professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da UMESP e professor de Jornalismo da ECA/USP.