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Jornalismo e Saúde |
:: Saúde na Internet -
a síndrome de Angelman
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Aparecida Ribeiro dos Santos e Babette de Almeida Prado Mendoza* RESUMO Objetiva-se nesse trabalho real�ar a import�ncia da Internet como ve�culo de
informa��o e constru��o do conhecimento a servi�o da divulga��o da sa�de. A
Internet, hodiernamente, vem servido a cidad�os que buscam encontrar informa��es
e formas de tratamento para doen�as e s�ndromes raras devido � falta de informa��o
por parte de profissionais e na m�dia convencional.
Esse trabalho comporta duas etapas sendo
a primeira uma breve an�lise do tema Internet e novas tecnologias e uma pesquisa
sobre o uso dessas em um caso particular de s�ndrome ainda pouco conhecida.
A primeira parte consiste basicamente em
expor o nosso referencial te�rico para a compreens�o das conseq��ncias comportamentais
da expans�o das novas tecnologias. A segunda parte trata de indicar, atrav�s
de trechos de depoimentos pessoais dos pais de portadores da s�ndrome de Angelman,
a import�ncia da cria��o de um espa�o virtual para obterem mais informa��es
sobre a doen�a e dividirem seus temores e vit�rias com pessoas que vivem a mesma
realidade. Palavras chaves: Comunica��o, Internet,
S�ndrome de Angelman INTRODU��O O princ�pio gestor que nos levou ao processo
anal�tico de divulga��o da sa�de na Internet alicer�ou-se em como as novas tecnologias
est�o sendo usadas na divulga��o da sa�de e quais os impactos na comunidade
cient�fica e leiga que passam a utilizar a Internet como fonte de informa��o
a respeito de doen�as e s�ndromes.
As Tecnologias da Informa��o e da Comunica��o
inserem-se em um conjunto de meios de armazenamento, de tratamento e de difus�o
da informa��o gerado pela uni�o da inform�tica , as telecomunica��es e o audiovisual:
CD-Rom, Internet, as auto- estradas da informa��o.
Telefone, fax, multim�dia, inform�tica,
Internet, auto-estradas da informa��o, teleforma��o, teletrabalho, hipertexto,
videogames: as tecnologias da comunica��o est�o evoluindo a alta velocidade
e recrutam cada dia mais adeptos. Portanto, a generaliza��o do seu uso levanta
muitas perguntas de ordem econ�mica, social, antropol�gica e at� �tica. As TICs
( tecnologias da informa��o e da comunica��o) provocam um impacto real e concreto
sobre as pr�ticas sociais : trabalho, aprendizagem, relacionamento humano.
Todas as mudan�as tecnol�gicas que a humanidade
presenciou revolucionaram o cotidiano de pessoas comuns e agiram no consciente
e inconsciente destas levando-as a questionamentos, inquieta��es e a tomada
de posi��es apocal�pticas ou de aceita��o do que seria um processo evolutivo
irrevers�vel da humanidade.
A revolu��o das comunica��es a que assistimos
n�o ser� diferente quanto aos seus impactos no seio da sociedade. O fim das
dist�ncias se refletir� na economia, no trabalho das pessoas, na quest�o de
soberania nacional, na fronteiras territoriais, nas rela��es comercias , na
informa��o e na constru��o do saber .
H� algum tempo mudan�as inquietam nossa
sociedade. A potencialidade de altera��es radicais em todos os n�veis de nossas
formas de viver e comunicarmos faz com que alguns antevejam uma era de ouro
da humanidade- em que todos conectados se comunicar�o com o mundo- enquanto
que outros acreditam , que passamos somente por um processo de imbecializa��o
do mundo, em que as mudan�as que sempre ocorreram naturalmente s�o agora vistas
sob o escopo de revolu��es mundiais.
Faz-se necess�rio frente as mudan�as a conscientiza��o
que o mundo como o vemos hoje passa por uma profunda metamorfose e que no bojo
de tal transforma��o encontram-se as novas tecnologias- no caso espec�fico de
nossa an�lise; o computador- a Internet; as tecnologias da informa��o e comunica��o
a servi�o da divulga��o da sa�de.
A revolu��o se encontra no ponto em que
a linguagem digital permite que em uma mesma plataforma se transmita as mais
variadas informa��es( textos, hipertextos, videos, sons,imagens). Isto somado
a presen�a universal dos computadores e da extensa rede de comunica��o, que
se estende pelo planeta fazendo com que em uma quest�o de segundos tenhamos
uma quantidade de informa��es jamais sonhadas.
Esse trabalho comporta duas etapas
sendo a primeira uma breve an�lise do tema Internet e novas tecnologias e uma
pesquisa sobre o uso dessas em um caso particular de s�ndrome ainda pouco conhecida.
A primeira parte consiste basicamente em
expor o nosso referencial te�rico para a compreens�o das conseq��ncias comportamentais
da expans�o das novas tecnologias. A segunda parte trata de indicar, atrav�s
de trechos de depoimentos pessoais dos pais de portadores da s�ndrome de Angelman,
a import�ncia da cria��o de um espa�o virtual para obterem mais informa��es
sobre a doen�a e dividirem seus temores e vit�rias com pessoas que vivem a mesma
realidade. INTERNET E AS TECNOLOGIAS DA INFORMA��O
E COMUNICA��O
A Internet Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser, muda-se a confian�a: todo o mundo � composto de mudan�a. Tomando
sempre novas qualidades... (L. V. Cam�es)
A Internet � a tecnologia que apresenta
um acentuado �ndice de sentimentos dicot�micos; h� os que a idolatram profetizando
o fim do livro impresso e da educa��o presencial; h� os desplugados -
express�o que designa aqueles que n�o querem a inform�tica em suas vidas; e
h� aqueles que v�em na Internet uma for�a de transforma��o social, educacional
e comportamental, mas que traz no cerne desta transforma��o o di�logo mediador
-dial�gico com outras tecnologias, m�todos educacionais e comportamentais. Tais
dicotomias refletem-se nas rela��es humanas, na comunica��o interpessoal, na
comunica��o organizacional, na divulga��o da sa�de, no ensino, no trabalho e
na constru��o do saber.
A Internet liberta, em algumas situa��es,
o homem da rela��o presencial proporcionando-lhe o direito de encontrar-se,
no espa�o virtual, com pessoas com as quais nunca havia pensado ou tido possibilidade
de encontrar-se por meio das comunidades reais.
COMUNIDADE VIRTUAL A comunidade virtual seria um alargamento
da comunidade pela adi��o de um novo espa�o de intera��o, espa�o virtual onde
fluxos expandidos de rela��es solid�rias podem ser criados.
Rheingold, citado por FerbanBack e Thompson
sugere que as comunidades virtuais respondem �s necessidades sociais das pessoas
e que devem sofrer um significativo crescimento nas pr�xima d�cadas.
"Quando um grupo de pessoas permanece
em comunica��o com outro por per�odos estendidos de tempo, a quest�o se isso
constitui ima comunidade aparece . Comunidades virtuais podem ser comunidades
reais, elas podem ser pseudo- comunidades ou podem constituir um tipo de contrato
social completamente novo, mas eu acredito que sejam em parte uma resposta a
necessidade de comunidade que seguiu � desintegra��o tradicionais no mundo’.
( 1995, p. 7) O CIBERESPA�O Para L�vy, o ciberespa�o constitu�-se
na extens�o da realidade virtual, ou seja, espa�o de uma organiza��o real, desterritorializada-
� real, mas sem espa�o f�sico que o demarque geograficamente. � atemporal na
sociedade, na economia, no trabalho, na pesquisa na educa��o acentuando novas
rela��es com o trabalho, como o teletrabalho e com o ensino como e a educa��o
a dist�ncia.
A Internet �, essencialmente, inserida no
conceito bakhtiniano - dial�gica. � dial�gica � medida que pessoas marcadas
por diferentes culturas, h�bitos e condi��es sociais interagem-se ativamente:
"S� me torno consciente de mim mesmo, revelando-me para o outro, atrav�s
do outro e com a ajuda do outro." ( Bakhtin, 1981, p. 148)
Citelli (2000, p. 68) afirma que a Internet
ocupa, hoje, o espa�o de um sistema alternativo de comunica��o e de neg�cios.
A Internet ao democratizar-se assume um
efeito iconoclasta, pois desterritorializa o espa�o, rompe com a no��o ontol�gica
de tempo, sociabiliza e compartilha informa��es, por vezes fragmentadas, mas
tamb�m as renova e as reintegra. Derruba preconceitos, tabus e influencia pessoas
e institui��es a reverem seus m�todos, pensamentos e atitudes.
A Internet � uma feliz dissolu��o na
interatividade das veias das ditaduras unidimensionais, pol�ticas de mercado
e no campo das comunica��es. Um avan�o tecnol�gico com horm�nios sobrecarregados
de ciberexplica��es efetivas. Na arma final da mercantiliza��o globalizada.
Um instrumento realmente definitivo para a democratiza��o do saber. O reduto
de todas as liberdades. A Internet � um pouco de tudo isso e outras coisas,
em sua intima subst�ncia. ( Pasquali, 1998, p. 286)
� luz das assertivas abordadas por Pasquali
centra-se o objeto deste estudo. Que tem como primeira inst�ncia a democratiza��o
da divulga��o da sa�de por meio da Internet inserida no ciberespa�o. � na possibilidade
da democratiza��o do saber da informa��o, nas teias que s�o tecidas pelas conex�es
e palavras-chaves, que reside a revolu��o erigida pela Internet ao seus aprendizes
na constru��o do saber.
Ao pensar-se que, secularmente, as informa��es
que, presumidamente, seriam de dom�nio p�blico, permaneceram enclausuradas em
sistemas burocr�ticos e hierarquizados de informa��o tornando-as inacess�veis
� maioria das pessoas sendo liberadas apenas a grupos de interesse. Na Internet
tal fato n�o ocorre, pois o acesso compartilhado de informa��es, e portanto,
de conhecimento subverteu paradigmas tradicionais de aprendizado, vinculados
a um sistema cartesiano- anal�gico, unidirecional e n�o-dial�gico do pensamento.
A Internet com seu poder de informa��o e
sua desterritorializa��o permite que o espa�o, o social, e a linguagem estejam
ao alcance de todos. O fim das dist�ncias proporciona o tr�nsito de informa��o
- a navega��o em um tempo e espa�o percept�veis a cada aprendiz na constru��o
de um saber individual/coletivo e democr�tico.
Segundo Cairncross (2000, p. 113) o crescimento
da Internet foi o fen�meno tecnol�gico mais surpreendente do final do s�culo
XX. Em 1990, apenas alguns acad�micos haviam ouvido falar nela. Em 1997, estimava-se
que 57 milh�es de pessoas a usavam; se incluirmos os que a usam apenas para
enviar e receber e-mails, o total salta para 71 milh�es.
No in�cio do s�culo XXI, o n�mero de usu�rios
poder� passar de 300 milh�es, alcan�ando rapidamente o total atual de 700 milh�es
de telefones no mundo. A Internet n�o � fruto dos anos 90. Na verdade, suas
ra�zes e muitas das id�ias que a originaram remontam ao final da d�cada de 60.
Com o desenvolvimento da Web, s� de 1993
a 1994 a Internet conquistou um grande mercado. Somente a partir desse per�odo
a maioria das empresas come�ou a encar�-la como uma possibilidade de mercado.
� apenas no final do s�culo XX que come�aram a ser usadas algumas das fun��es
que poder�o moldar o futuro da Internet. A Web come�ou a operar no in�cio dos
anos 90, tem sido o mais importante ve�culo a combinar virtudes idiossincr�ticas
da Internet num meio novo e poderoso de comunica��o de massas .
Esta autora acrescenta que a Internet introduziu
o hipertexto. Essencialmente um instrumento de refer�ncia cruzada, ele permite
aos usu�rios mover-se diretamente de uma palavra ou frase, assinalada na tela
a informa��es relacionadas que podem estar armazenadas em um computador diferente
em outra parte do mundo. Pode-se assim usar juntos grupos de documentos correlatos,
mesmo que estejam armazenados em locais diferentes totalmente diversos.
A Internet possibilita aos usu�rios transformarem-se
em suas pr�prias bibliotecas, capazes de pesquisar, estudar e investigar qualquer
coisa com apenas um mouse e um teclado. � a constru��o do saber. Toda "emancipa��o
do indiv�duo e das na��es" concretiza-se a partir do saber. ( Belloni,
2000, p. 4). A Internet e suas rela��es sociais Segundo Daniel Farah, na reportagem intitulada
- nem 5% do mundo usa a Internet- veiculada no jornal a Folha de S. Paulo
de 23 de junho de 2000 - o relat�rio da ONU confirma o abismo tecnol�gico e
de informa��o que separa a Am�rica do Norte, a Europa Ocidental e o Jap�o do
restante do mundo no que se refere � difus�o da Internet e pede a cria��o imediata
de uma for�a especial para a democratiza��o do acesso � rede. Para os especialistas
tal democratiza��o beneficiaria a exporta��o, melhoraria a administra��o do
setor p�blico e levaria informa��es sobre educa��o e sa�de a muitas pessoas.
"At� pouco tempo, as telecomunica��es eram consideradas um luxo e deveriam
ter prioridade s� ap�s os investimentos necess�rios em �gua, eletricidade e
estradas.
A mesma autora observa que de agora em diante,
elas devem, ao contr�rio, ser compreendidas como um componente vital do processo
de desenvolvimento, um complemento fundamental aos outros fatores.
Segundo ( Cairncross 2000 , p. 147) h� pouco
tempo o telefone representava o maior �ndice de uni�o dos continentes; fator
que est� mudando com uma velocidade espantosa. Os �ndices de crescimento mais
r�pidos na utiliza��o da Internet est�o fora dos Estados Unidos. Em 1996, a
quantidade de hosts da Internet no Jap�o aumentou em 173% e, em Hong
Kong, em 1785. Os pa�ses rec�m - industrializados da �sia, com sua paix�o por
engenhocas, suas avan�adas ind�strias eletr�nicas e suas popula��es jovens e
cultas, ser�o o mercado perfeito para a Internet.
� not�rio que a localiza��o na pir�mide
entre os pa�ses mais pobres e os de melhor desempenho econ�mico � abismal. Os
pa�ses mais pobres estar�o muito atr�s e sempre estiveram em rela��o �s tecnologias
de ponta simplesmente devido �s defici�ncias estruturais, pol�ticas e por conseguinte
econ�micas aliadas ao alto custo das redes de alta capacidade de transmiss�o.
Mas mesmo para seus cidad�os, a Internet
oferece algumas liberdades: por exemplo, � um meio de contornar elevados pre�os
dos servi�os internacionais telef�nicos e postais e � um atalho �s informa��es
que talvez n�o sejam encontradas localmente, como artigos cient�ficos e not�cias
imparciais. (Cairncross, 2000, p. 150)
A Internet ultrapassa fronteiras criando
embara�os curiosos para o conjunto de regulamentos. Normas e procedimentos administrativos
que marcam a id�ia cl�ssica dos Estados nacionais. As informa��es disponibilizadas
pelos zapatistas enfurnados nas selvas mexicanas, pelo Movimento dos Sem -Terra
no Brasil, ou mesmo por mulheres que desejam maior liberdade no mundo mu�ulmano
ortodoxo, assim como os circuitos dial�gicos que podem ser processados a partir
da�, tornam conceitos como de receptor "passivo", "narcotizado",
"conformista" algo anacr�nico. (Citelli, 2000, p. 68)
No entanto, para Citelli este anacronismo
se far� presente se n�o forem assentados os novos paradigmas da informa��o e
do conhecimento, as redefini��es conceituais de espa�o e tempo, assim como a
ressignifica��o da express�o receptor inserida em um ciberespa�o sem fronteiras
lim�trofes.
A Internet oferece oportunidade para que
pessoas em diferentes pa�ses troquem informa��es e id�ias. Como no caso de pais
que tenham filhos com doen�as de dif�cil diagn�stico. Um exemplo que pode ser
visto no site (htpp;//www.pedro.psinet.com.br) criado para narrar a maratona
de um pai em busca de informa��es a respeito da doen�a de seu filho ou no site
sobre a s�ndrome de angelman- foco de nosso estudo que nasceu da necessidade
da troca de informa��es dos familiares de crian�as acometidas por esta s�ndrome
rara e de dif�cil diagn�stico e ainda na forma��o de professores em lugares
rec�nditos do planeta que conectados a um computador instalado, em uma pequena
aldeia, possam acompanhar cursos e palestras a fim de aperfei�oarem-se profissionalmente
e intelectualmente.
Segundo Citelli ( 2000- pp. 239-240 ) a
Internet poder� ser a voz, o clamor dos oprimidos sendo um espa�o de den�ncia
dos sofrimentos da humanidade como os dos camponeses de Chiapas, ou do drama
sem precedentes de mulheres que protestam contra a pr�tica de infibula��o que
lhe impedem o prazer sexual. Sendo que ainda, tornar-se-� uma aliada para que
as pessoas de pa�ses com regimes ditatoriais, em que a censura � m�dia � uma
forma de exercerem o controle sobre os cidad�os, para que estes possam contar
suas hist�rias de vida para o mundo no ciberespa�o e com isso gerar desconforto
a tais pr�ticas antidemocr�ticas . "O mundo ficou pequeno"
( Citelli, 2000, p.240).
Segundo Cairncross ( 2000, p. 160) acima
de tudo, os cidad�os comuns aprender�o mais sobre os povos de outros pa�ses.
Citando John Donne ,"nenhum homem � uma ilha, contido em si mesmo; todo
homem � um peda�o do continente, uma parte do todo". Se a comunica��o ser�
suficiente para manter a paz entre as na��es, � dif�cil prever, mas h� um horizonte
a vislumbrar-se. Unida pelos fios invis�veis das comunica��es globais, a humanidade
pode descobrir que a paz e prosperidade s�o favorecidas com o fim das dist�ncias. A DIVULGA��O DA SA�DE NA INTERNET � luz das assertivas de M�nica Macedo
em seu artigo Comunica��o entre m�dicos e pacientes atrav�s de uma revista
eletr�nica em sa�de- veiculado no site www.comtexto.com.br
delinearemos a import�ncia da divulga��o da sa�de na WEB.
Segundo Macedo a divulga��o de informa��es
m�dicas via Internet cresce a cada ano. Em um futuro pr�ximo, todas as publica��es
dever�o estar dispon�veis no formato eletr�nico. Parte dessa informa��o � hoje
composta por revistas cient�ficas, bancos de dados especializados (como o MEDLINE
e o PubMed), arquivos de casos cl�nicos e softwares de aux�lio a diagn�stico,
entre outros. Uma outra parte constitui-se de sites de divulga��o cient�fica,
revistas noticiosas, programas de educa��o em sa�de e listas de discuss�o abertas
ao p�blico em geral, cujo papel na dissemina��o de informa��es �teis (sobre
preven��o de doen�as, h�bitos de vida saud�veis e esclarecimentos m�dicos) apenas
come�a a ser estudado.
Acrescentamos a esses dados os sites j�
citados acima que s�o criados n�o pela comunidade cient�fica, mas, sim por pais
� procura de informa��es de tratamento sobre doen�as e s�ndromes raras.
Segundo Rogerio da Costa em seu artigo A
met�fora da informa��o veiculado na folha de S.Paulo de 27 de janeiro de 2000-
hoje h� uma esp�cie de Segunda onda da revolu��o interativa que a computa��o
desencadeou : um modelo de interatividade baseado na comunidade, na colabora��o
muitos-muitos. SITE DA ASA- Associa��o da S�ndrome
de Angelman O que � a ASA?
ASA - Associa��o da S�ndrome de Angelman
- foi fundada em 06 de agosto de 1997, por um grupo de pais de crian�as portadoras
de S.A. e simpatizantes da causa ao constatarem o muito que havia por fazer.
A situa��o de atendimento a crian�as com S�ndrome de Angelman � deficiente desde
a desinforma��o (inclusive de parte de muitos profissionais), at� a falta de
institui��es capazes de prestar atendimento adequado aos "Angelmans"
e familiares.
O site tem por finalidade reunir portadores
da S�ndrome de Angelman, pais, familiares e demais pessoas que se sensibilizem
pela causa, com o objetivo de prestar aux�lio e orienta��o sobre a doen�a �
comunidade em geral. SINDROME DE ANGELMAN A s�ndrome de angelman � um dist�rbio
neurol�gico que causa retardo mental, altera��es do comportamento e algumas
caracter�sticas f�sicas distintivas. Ela foi pela primeira vez relatada em 1965,
quando um neurologista brit�nico, Dr. Harry Angelman, descreveu 3 crian�as com
este quadro. At� 1987, o interesse por esta doen�a foi bastante reduzido. Neste
ano, observou-se que a an�lise dos cromossomos de afetados por S.A. mostrava
em cerca de 50% dos indiv�duos a falta de uma pequena por��o (dele��o) do cromossomo
15. O que parecia ser uma situa��o muito rara mostrou-se bastante freq�ente:
estima-se atualmente que uma em cada quinze ou vinte mil crian�as s�o afetadas
por esta doen�a. Diagn�stico O diagn�stico � em geral estabelecido por
geneticista ou neurologista, e\ baseia-se em elementos cl�nicos, especialmente
o retardo no desenvolvimento neuromotor, a ocorr�ncia de crises convulsivas
e a presen�a de caracter�sticas f�sicas peculiares. Nas crian�as que j� adquiriram
a marcha, chama a aten��o o andar bastante desequilibrado, com as pernas abertas
e com os membros superiores afastados do corpo, como se tentando melhorar o
equil�brio, acompanhado de movimentos tr�mulos e imprecisos. O comportamento
caracteriza-se por expansividade e riso f�cil e freq�ente. A comunica��o � bastante
prejudicada, com a capacidade de express�o pela fala muito reduzida. A S.A.
pode ser confundida com defici�ncia mental de causa indeterminada, autismo infantil
ou paralisia cerebral.
Al�m do quadro cl�nico, alguns exames podem
contribuir para o diagn�stico de S.A. O EEG, avaliado por neurofisiologista
com experi�ncia nesta doen�a, poder� mostrar altera��es fortemente sugestivas
da S.A. Os exames de imagem do cr�nio, como a tomografia computadorizada e a
resson�ncia magn�tica, s�o normais ou apresentam altera��es pouco espec�ficas,
pouco contribuindo para o diagn�stico de S.A. Os exames gen�ticos s�o particularmente
importantes, sendo que em aproximadamente 80% dos casos, usando-se diferentes
t�cnicas laboratoriais, pode-se confirmar a exist�ncia de defici�ncia em um
dos cromossomos 15. Em 20% dos casos, o diagn�stico � baseado apenas em dados
cl�nicos e de outros exames complementares, sendo o estudo gen�tico normal.
A import�ncia do diagn�stico da S�ndrome
de Angelman est� em:
• poder-se antecipar a ocorr�ncia de problemas caracter�sticos desta
doen�a, tais como: dist�rbios do sono e crises convulsivas, e, na medida do
poss�vel, trat�-los;
• poder orientar melhor as medidas de reabilita��o, com fisioterapia, fonoterapia,
terapia ocupacional e outros procedimentos;
• permitir orientar os pais quanto ao risco de repeti��o da S.A. na fam�lia,
que deve ser avaliado em cada caso. Na maior parte das fam�lias o risco de repeti��o
de S.A. � muito pequeno, mas somente o estudo gen�tico permite definir qual
� ele;
• enfim, o diagn�stico permite a busca do porqu� de um problema e facilita
o planejamento do futuro do paciente.
Os exames gen�ticos s�o particularmente
importantes e v�rios testes laboratoriais s�o necess�rios para o diagn�stico
e aconselhamento gen�tico.
Os exames s�o:
a) An�lise cariot�pica atrav�s de t�cnicas tradicionais e de citogen�tica molecular
e
b) Testes espec�ficos de DNA. Em cerca de 80% dos pacientes o teste de DNA chamado
padr�o de metila��o confirma a suspeita diagn�stica. Em 20% dos pacientes s�o
necess�rios novos testes de DNA na procura de altera��es gen�ticas que possam
estar presentes no gene (ou genes) causador da s�ndrome de Angelman.
Os mecanismos gen�ticos principais que
causam a s�ndrome de Angelman s�o dele��o (perda) de material gen�tico do cromossomo
15 ou dissomia uniparental (heran�a de dois cromossomos 15 de um mesmo progenitor).
Nos pacientes em que a perda de material gen�tico
do cromossomo 15 foi por dele��o ou dissomia uniparental, o risco dos pais virem
a ter outra crian�a afetada � muito baixo, cerca de 1% (um por cento). Nos demais
casos o risco do casal vir a ter outras crian�as com a s�ndrome pode ser maior,
chegando a 50% (risco alto) e deve ser calculado pela fam�lia. Para saber onde realizar os exames
Caracter�sticas:
-Atraso na aquisi��o motora (sentar, andar etc.)
–Aus�ncia da fala
-Falta de aten��o e hiperatividade
-Andar desequilibrado, com pernas afastadas e esticadas
-Natureza afetiva e risos freq�entes
-Sono entrecortado e dif�cil
-Redu��o do tamanho da cabe�a e achatamento de sua por��o posterior
-Caracter�sticas faciais distintivas: boca grande com protus�o da l�ngua, queixo
proeminente, l�bio superior -fino, dentes espa�ados
-Redu��o da pigmenta��o cut�nea, com pele mais clara do que o padr�o familiar
e maior freq��ncia de cabelos -finos e loiros e olhos claros
-Estrabismo (40%dos casos) e mais raramente (10%) desvio na coluna (escoliose)
-Crises epil�ticas, especialmente aus�ncias, associadas a padr�o
No site encontramos explica��es sobre
a ASA, seus objetivos e servi�os, informa��es detalhadas sobre a s�ndrome, sobre
educa��o, terapias, fotos de portadores, agenda de eventos, links nacionais
e internacionais, cadastro de todos os portadores da AS, pesquisa, listas de
e-mail para obter informa��es peri�dicas da ASA, bate-papo com dia e hor�rio
fixo, depoimento de pais de portadores, mural de mensagens com d�vidas dos internautas
e dowload das circulares da ASA e outros textos sobre eventos e congressos relacionados
ao tema. Depoimentos de pais � freq�ente encontrar nos depoimentos
dos pais de portadores veiculados no site da ASA, um retrato de pessoas que
viveram momentos de busca solit�ria de informa��es para entender o que acontecia
com seus filhos:
"Como todos os pais que t�m um filho
ou filha com esta s�ndrome, minha caminhada em busca de diagn�stico, terapias,
escolas, etc. foi muito longa e penosa." (Depoimento 1)
"Em busca de maiores informa��es
recorri a Internet e , surpresa, constatei que no exterior existiam varias organiza��es
que tratavam do assunto, mas no Brasil n�o havia uma linha sequer a respeito
da S.A. Fiquei muito aborrecida e me senti muito s�. Por um breve momento achei
que seria muito dif�cil contatar outras pessoas com o mesmo problema que o meu."
(Depoimento2)
Penoso tamb�m �, com freq��ncia, a busca
pelo diagn�stico definitivo da s�ndrome:
"E a maratona em busca do diagn�stico
continuava, diagn�stico este que s� chegou ao nosso conhecimento depois de muitas
idas a diversos neurologistas que nem cogitavam sobre a s�ndrome. O que nos
assutava bastante era o total desconhecimento da s�ndrome." (Depoimento
2)
O desejo de encontrar e compartilhar experi�ncias
comuns est� sempre presente nos depoimentos encontrados:
"N�s (eu e Meu marido gostar�amos
de nos corresponder, ou ter contato com fam�lias que est�o passando pelo mesmo
problema nosso, ou at� mesmo outros tipos de S�ndromes, pois isso � muito importante
para n�s, sabemos pela geneticista que existem mais crian�as no estado de S�o
Paulo e tamb�m no interior e gostar�amos de ter contato com essas fam�lias e
trocar experi�ncias."(Depoimento 4)
"Caso a associa��o tamb�m tenha algo
a nos acrescentar por favor mande-nos, pois queremos nos manter atualizados
e tamb�m ajudar a outras fam�lias que passam pelo mesmo problema, ou problemas
similares."(Depoimento 8)
"(...) gostar�amos de conversar com
algu�m que esteja passando pelas mesmas "dificuldades" que n�s."(Depoimento
5)
"(...)eu e o meu marido estamos nos
empenhando em conhecer melhor a s�ndrome bem como ajudar os pais na busca de
informa��es e aux�lio." (Depoimento 1)
"Achei que eu n�o poderia ser a
�nica pessoa a ter uma filha com esta doen�a. Outras pessoas, assim como eu,
passaram por isto e tamb�m deveriam estar ansiosos por trocar experi�ncias."(Depoimento
2, integrante da ASA)"
Encontramos tamb�m frases sobre o dif�cil
momento de aceitar o diagn�stico do filho portador da s�ndrome:
"Tenho duas filhas, uma delas, Amanda,
com Sindrome de Angelman, e s� h� muito pouco tempo descobrimos o diagnostico.
No inicio foi muito duro, mas hoje posso dizer a todos que a vida nos ajuda
a superar cada barreira encontrada e viver � saber incentivar, educar, respeitar
e principalmente amar, pois tenho certeza que este amor ajudar� e muito no seu
desempenho futuro."(Depoimento 3)
"A tomada de consci�ncia de que
seu filho � deficiente � muito dif�cil. Mexe com a auto-estima, com as nossas
cren�as e valores mas em contrapartida mudamos postura frente �s pessoas que
apresentam alguma dificuldade seja f�sica, motora, mental ou psicol�gica. Amadurecemos."(Depoimento1)
Experi�ncias de sucesso no tratamento desses
indiv�duos tamb�m s�o compartilhadas:
"Gostaria de apresentar uma escola
para tratamento de crian�as e adolescentes especiais, a escola Indian�polis,
ap�s muito tempo de busca encontrei o lugar ideal para tratamento de meu filho
hoje com 6 anos. Entre neste site e veja o trabalho..."(Depoimento
5)
S�o mensagens que chegam das mais variadas
partes do mundo sempre buscando expandir fluxos de rela��es solid�rias, partilhando
e construindo conhecimento:
"Tenho um filho com oito anos chama-se
Fernando � um menino lindo � loiro de olhos azuis e tem o sindrome de angelman.
Em Portugal n�o h� escolas especificas desta doen�a por isso tive e tenho dificuldade
em saber at� que ponto o meu filho vai evoluir nos atrasos, pois s�o muitos.
O Fernando est� na associa��o APPC ,pois esta associa��o tem v�rias crian�as
com v�rias doen�as mas n�o tem nenhuma com sindrome de angelman."(Depoimento
6)
"Nos gustaria conectarnos con familiares
o docentes que tengan casos similares. Ademas quisieramos saber como comunicarnos
con fundaciones, en lo posible de habla hispana.
Porque somos de Coronel Pringles, Provincia de Buenos Aires, Argentina y aqui
no existen fundaciones de este tipo."(Depoimento 7)
Os depoimentos, via de regra, descrevem
o desenvolvimento do filho portador da s�ndrome, as conquistas di�rias da fam�lia,
a procura de terapias, escolas e a import�ncia da exist�ncia da ASA.
O site pode favorecer uma transforma��o
educacional e comportamental pois oferece informa��es fundamentais para a tomada
de consci�ncia e mudan�a de atitude em rela��o a doen�a, fazendo com que os
pais procurem servi�os de tratamento espec�ficos para seus filhos, exames, escolas,
al�m de ficarem atentos para novas pesquisas sobre o assunto. As informa��es
obtidas no site assim como o espa�o para manifesta��o influenciam pessoas e
institui��es a repensarem m�todos, id�ias e atitudes. Esse espa�o de intera��o
promove a exist�ncia de uma comunidade virtual – termo j� definido –
no qual prevalecem rela��es solid�rias que visam sempre expandir-se. A democratiza��o
do saber tamb�m � outra caracter�stica desse ambiente ,pois s�o veiculadas informa��es
cient�ficas, de profissionais da �rea, �ltimas novidades, para leigos que queiram
obter informa��es por curiosidade ou por ter realmente uma rela��o pessoal com
a causa. Enfim, o espa�o virtual al�m de armazenar conhecimento de car�ter cient�fico
� m�o de via dupla, pois, oferece material para pesquisa quando recebe depoimentos
envolvendo hist�rias de fracasso e de sucessos na luta para a melhora da qualidade
de vida dos indiv�duos portadores da s�ndrome e com isso sua emancipa��o.
CONSIDERA��ES FINAIS Quando Macluhan delineou a sua vis�o de
aldeia global em 1967, a Rede mundial de informa��o e comunica��o n�o existia.
No entanto houve por parte desse autor um sopro preconizante ao afirmar que
na aldeia global o tempo e o espa�o desapareceriam e que os meios eletr�nicos
envolveriam a todos.
A aldeia ,hoje, n�o ser� global posto que
a Internet ainda n�o � vista como um meio de comunica��o de massa, mas futuramente
a aldeia poder� ser virtual, com a troca de conhecimentos e informa��es, por
meio dos chats, do e-mail, da cria��o de sites que a tendam �s necessidades
iminentes dos cidad�os como no caso da divulga��o da sa�de no cibersespa�o.
Institucionalizando-se assim, uma cultura
grupal nos moldes dos sonhos macluhianos, pois as TICs s�o eficazes e podem
ser viabilizadas � medida que contribuam para a constru��o da cidadania. Refer�ncias Bibliogr�ficas BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. S�o Paulo. Hucitec,
1975, 1979, 1984. BELLONI, Maria Luiza. Educa��o a dist�ncia. Campinas: Autores Associados,
1999. CAIRNCROSS, Frances. O fim das dist�ncias. S�o Paulo. Nobel, 2000. CHAVES, Eduardo. Virtualiza��o da realidade: Revista Comunica��o &
Sociedade. S�o Paulo n� 16, 1999. CITELLI, Adilson. Comunica��o e educa��o. A linguagem em movimento.
S�o Paulo: Senac, 2000. FARAH, Daniel. Nem 5% usa a Internet. Folha de S. Paulo, 2000. FERBACK & Thompson. Virtual Communities: aborty, retry, future?
– 1995 www.well.com/ L�VY, Pierre. As estruturas antropol�gicas do ciberespa�o. Salvador:
UFB, 1996. MACEDO, M�nica www.comtexto.com.br
Comunica��o entre m�dicos e pacientes atrav�s de uma revista eletr�nica em
sa�de. PASQUALLI, Antonio. Bienvenildo Global Village. Caracas: Latino
Americana, 1998. Site consultado www.asa.com.br -------------------------------------------------------------------------------- *Aparecida Ribeiro dos Santos é graduada em Letras e mestranda em Comunicação Social na UMESP. *Babette de Almeida Prado Mendoza é graduada em Ciências Sociais e mestranda em Comunicação Social na UMESP. |
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