:: A falta que faz um pai

Jornal do Brasil, 14/10/97, p. 16

Criança precisa de modelo masculino para gostar de ler
      Qual foi a criança que nunca dormiu no colo da mãe embalada por uma história de contos de fadas? Pois agora, pesquisadores americanos afirmam que a inocente atividade materna pode ser um dos principais motivos do desinteresse pela leitura que grande parte das crianças apresenta.
      Um recente estudo da Universidade de Exeter, na Inglaterra, revela que o model feminino - seja da própria mãe ou da professora primária - leva as crianças a associarem o aprendizado do alfabeto a um exercício afeminado. Os pesquisadores afirmam que, quando o pai conta a história, a criança se interessa mais rápido.
      " As crianças precisam de um modelo masculino e de livros de aventura para se interessarem pela leitura", disse Ted Wragg, especialista em educação e um dos coordenadores da pesquisa. O estudo desmistifica diversas crenças, como a diferença de maturidade entre meninos e meninas e comprova a superioridade feminina emalgumas áreas.
      Em provas analisadas nos anos de 1.995 e 1.996, as meninas da escola primária tiveram uma média de cinco pontos de vantagem sobre os meninos nas provas de leitura. No ginásio, as notas das adolescentes foram suepriores em 10% a dos meninos. " Os meninos precisam de homens mais velhos que sejam responsáveis pela leitura. Assim, a criança terá uma evolução definitiva na sua educação", afirma Ted Wragg.
      O estudo mostra que um 1/3 dos meninos, entre cinco e sete anos, só escutam histórias contadas por suas mães. Do restante, somente a metade consegue " arrancar um tempinho do pai" para a leitura. Até o final do primário, metade das crianças continua ouvindo histórias contadas pelas mães. Os especialistas ingleses afirmam que a leitura materna pode provocar um baixo rendimento escolar. Wragg recomenda que a leitura seja alternada entre pai e mãe.

Comentário de JC, o repórter da ciência: Eu acho que esse negócio de menino ficar sentando no colo do pai, para ouvir história, pode viciar mesmo. Se for para a leitura, tudo bem...

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